Parte III

terça-feira, 15 de julho de 2008

 

Eu adorava coelhinhos,gatinhos...mas me lembro que nessa época eu tinha um coelhinho que adorava tomar café....logo que ele sentia o cheiro do cafezinho delicioso que minha mãe fazia,ele já vinha correndo com o focinhozinho pra cima fazendo quiii...quiiii...quiiii....era lindo meu coelhinho....eu não o venderia por nada!!! quer dizer....
....ë isso mesmo; eu vendi meu coelhinho....Um dia minha mãe estava nervosa,preocupada com a comida que estava quase acabando....o dinheiro era pouco e recebemos a visita de meu tio Nelson... (nada a ver com o tio do Rafinha Bastos do CQC..rs) foi uma alegria,pois a muito que não o víamos e estávamos com saudade.Meu tio era um homem alegre,contador de histórias,de piadas.Foi nesse dia que eu descobri que eu era orgulhosa,apesar de pobre...eu sonhava ser rica,mas ser rica às minhas próprias custas...não queria ser esnobe,metida ou coisa assim....eu só queria sair do sufoco...ter as coisas que eu sonhava...mas nunca ter inveja de ninguém e sempre ser humilde...o orgulho aqui nesse sentido era um orgulho bom...
Meu tio quis me dar um dinheiro pra eu comprar alguma coisinha pra mim,mas eu não aceitei de jeito algum e lá pelas tantas,conversa vai,conversa vem,ele resolveu agradar o meu coelhinho....disse adorar coelhos...foi aí que resolvemos negociar...ele fez uma oferta pelo meu coelho e me ofereceu o dobro do dinheiro que queria antes me "dar",eu lembrando da tristeza e do nervosismo de minha mãe antes da visita,da necessidade que estávamos passando,aceitei a oferta.Não lembro por quanto eu vendi o coelho,só sei que ajudou bastante.Atitude nobre essa do meu tio....mas com o passar dos anos,refletindo essa situação,penso que ele poderia ter ajudado minha mãe que era sua irmã de outra forma,sem ter que me deixar com o coração partido...afinal eu era uma criancinha e tive que optar por uma situação tão difícil,entre ficar com o coelho que eu adorava e ver minha mãe se matando em uma máquina de costura pra ajudar no sustento de 6 crianças,pois meu pai ganhava pouco ou ficar chorando por dentro,mas ver minha mãe sorrindo e a comida sobre a mesa.

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